Por que você não olha pra mim?
Me diz o que é que eu tenho de mal
Por que você não olha pra mim?
Por trás dessa lente tem um cara legal
É impressionante como as pessoas não olham para nada além dos seus óculos quando você é um usuário (como eu, por exemplo). É a única explicação plausível para a quantidade de "irmãs" que eu ganhei nos últimos anos. Basta usar um óculos meio quadrado, de preferência com a armação grossa e escura e andar por aí junto comigo que a pessoa já vira minha irmã. Não é necessário ter nenhuma semelhança física comigo, além de sermos da mesma espécie (e, por enquanto, sexo, ainda não ganhei nenhum novo irmão).
Tenho uma amiga, a Gabi, que uma quantidade incrível de pessoas acha que somos parentes, em geral irmãs. A Gabi é baixinha, branca, costumava ter o cabelo vermelho e, em resumo, tem traços nada parecidos comigo, que sou mais morena, mais alta e tenho o cabelo mais escuro. E mesmo assim o porteiro do meu prédio achava que ela era minha prima, já me confundiram com ela num Tim Festival e um amigo da mãe dela disse que éramos parecidíssimas (esse último na casa da mãe dela, com a irmã dela , que é muito mais parecida, presente). Tudo bem, até passamos muitos anos com cabelo curtinho parecido, mas a única explicação possível era o óculos (quadradinho, de armação grossa e escura, claro).
Mas acho que o caso mais absurdo é uma outra amiga minha que virou minha "irmã". A Karen é loira, mas loira mesmo, daquelas pessoas que tem até os cílios e sobrancelhas loiros, e ela tem os olhos muito azuis (os meus, é claro, são castanhos). Ela parece uma gringa, mas não é. E tem os cabelos longos e cacheados (os meus, vocês já devem imaginar, são lisos). E obviamente, usa óculos meio quadradinhos, de armação grossa e escura.
Um dia me perguntaram se eu era irmã dela. Tudo bem, era um colega de trabalho dela que sabia que a Karen tem uma irmã morena. Nesse caso, morena significa que ela tem cabelos castanhos, pois também é branca e tem olhos claros e é inegavelmente irmã da Karen. Após uma pequena pausa, explicamos que, não, eu era apenas uma amiga, a irmã da Karen não estava presente na festa. "Ah, mas vocês são parecidas!" veio a resposta, seguida de uma longa pausa e troca de olhares do tipo "esquece, não vale a pena discutir".
Depois desse episódio, tive certeza: certas pessoas são como bebês quando vêem óculos, não prestam atenção em mais nada. Ou isso, ou terei que acreditar que minha única característica física marcante é uma armação de acrílico com lentes de cristal para miopia. Será que se um dia eu fizer cirurgia ninguém mais me reconhecerá?
Bom, pelo menos a minha família é grande. E aumenta a cada dia...
segunda-feira, 26 de novembro de 2007
invadi!
...O clube do bolinha...
e aí, rapazes? também quero participar disso aqui, então aí vem post...
e aí, rapazes? também quero participar disso aqui, então aí vem post...
terça-feira, 20 de novembro de 2007
Final da Primavera
Ainda deitada, olhou o quarto quieto. Cômoda, criado mudo e armário, todos combinando com a grande cama de madeira maciça. Algumas fotos na parede marrom claro. O grande espelho no canto. Seu quarto tinha um aspecto formal, com uma decoração sóbria quebrada apenas pelo confortável puff junto à sua estante de livros. O carpete creme lhe conferia um ar aconchegante. Algo, porém, lhe parecia estranho naquela manhã. Tinha uma sensação de ver tudo fora de foco e com um estranho tom alaranjado. Sabia que a mudança de posição do sol no verão alterava bastante a iluminação e as cores que seu quarto assumia. Olhou o feixe de luz que entrava pela cortina blackout entreaberta. Esse ano passou muito rápido, pensou. Ia assim despertando, quase sem notar a levíssima dor no estômago, quando então se lembrou da noite anterior e da discussão. Virou-se para o outro lado para ficar frente a frente com ele. Ele tinha os olhos fechados, mas não parecia dormir. Estava com um semblante sério, quase fechado. De fato, ao perceber a movimentação, abriu os olhos e os dois se olharam.
Ela tinha certeza que a noite anterior seria um divisor de águas naqueles três ou quatro meses em que estavam juntos. Há mais de uma semana ela andava nervosa, ansiosa. O que a deixava ainda mais inquieta era o fato que ele parecia não se importar ou mesmo perceber. Tanto que pareceu surpreso quando ela finalmente perguntou, enquanto comiam a lasanha pré-cozida, o que você quer? Com um sorriso sem graça, ele disse que queria terminar a lasanha. É sério, o que você quer comigo? Disparou. Falou com uma convicção tão grande que ele não se deu conta que ela logo se arrependeu da pergunta direta. Ela temia que ele entrasse num discurso que ela já tinha ouvido sobre cobranças, compromissos, deixar o que está bom do jeito que está. Mas ele respirou fundo, desviou o olhar e não disse nada. Um minuto, dois, dez. Ela não sabia quanto tempo tinha o encarado esperando a resposta. Você não vai responder? Perguntou impaciente. Ele pareceu assustar-se com a pergunta áspera. É para responder mesmo? Indagou colocando novamente o seu sorriso amarelo. Ela perdeu a paciência de vez e partir daí entraram numa discussão sem sentido. Ela chamando-o de cínico e ele insistindo em dizer que não sabia o que ela queria ouvir. Até que ela se levantou e disse que ia dormir. Ainda o ouviu perguntar: você quer que eu vá para minha casa? A pergunta foi como uma flecha. Ela quis dizer que não, que não suportaria passar a noite sozinha, que preferia que ele ficasse e a abraçasse. Faça o que você achar melhor.
Agora, de frente para ele, sentia novamente o coração disparado. Tinha a sensação de não ter dormido nada naquela noite e realmente não lembrava de nenhum sonho que comprovasse que havia dormido algumas horas. Agora, olhando-o nos olhos, ainda esperava uma resposta, mas não quis perguntar de novo. Achou que entrariam novamente naquela discussão e definitivamente não queria aquilo novamente. Mas para sua surpresa, o semblante sério se desfez e ele abriu um sorriso diferente da noite anterior. Parecia sincero. Me abrace. O pedido dele trouxe uma sensação de paz e ela achou que tudo se resolveria. Sentiu o abraço dele como uma fortaleza a sua volta, uma sensação de segurança que ela não se lembrava de ter sentido antes. De repente seu medo se dissipou como se nunca tivesse existido. Ia lhe dizer que era só isso que ele precisava ter feito ontem e sempre que ela se sentisse insegura por qualquer razão, mas não teve tempo. Acordou de repente e, ainda deitada, olhou o quarto quieto. Nada parecia diferente, embora pouco se pudesse ver com as cortinas fechadas. Por alguns instantes tentou se lembrar se ele tinha ficado depois da discussão ou não. Mas virou-se para o outro lado para ficar frente a frente com ele. Ele tinha os olhos fechados e dormia profundamente. Estava com um semblante sereno, leve. Não teve nenhuma reação, por mais que ela fizesse força para balançar a cama. Será que ele ainda demoraria a acordar, pensou.
Ela tinha certeza que a noite anterior seria um divisor de águas naqueles três ou quatro meses em que estavam juntos. Há mais de uma semana ela andava nervosa, ansiosa. O que a deixava ainda mais inquieta era o fato que ele parecia não se importar ou mesmo perceber. Tanto que pareceu surpreso quando ela finalmente perguntou, enquanto comiam a lasanha pré-cozida, o que você quer? Com um sorriso sem graça, ele disse que queria terminar a lasanha. É sério, o que você quer comigo? Disparou. Falou com uma convicção tão grande que ele não se deu conta que ela logo se arrependeu da pergunta direta. Ela temia que ele entrasse num discurso que ela já tinha ouvido sobre cobranças, compromissos, deixar o que está bom do jeito que está. Mas ele respirou fundo, desviou o olhar e não disse nada. Um minuto, dois, dez. Ela não sabia quanto tempo tinha o encarado esperando a resposta. Você não vai responder? Perguntou impaciente. Ele pareceu assustar-se com a pergunta áspera. É para responder mesmo? Indagou colocando novamente o seu sorriso amarelo. Ela perdeu a paciência de vez e partir daí entraram numa discussão sem sentido. Ela chamando-o de cínico e ele insistindo em dizer que não sabia o que ela queria ouvir. Até que ela se levantou e disse que ia dormir. Ainda o ouviu perguntar: você quer que eu vá para minha casa? A pergunta foi como uma flecha. Ela quis dizer que não, que não suportaria passar a noite sozinha, que preferia que ele ficasse e a abraçasse. Faça o que você achar melhor.
Agora, de frente para ele, sentia novamente o coração disparado. Tinha a sensação de não ter dormido nada naquela noite e realmente não lembrava de nenhum sonho que comprovasse que havia dormido algumas horas. Agora, olhando-o nos olhos, ainda esperava uma resposta, mas não quis perguntar de novo. Achou que entrariam novamente naquela discussão e definitivamente não queria aquilo novamente. Mas para sua surpresa, o semblante sério se desfez e ele abriu um sorriso diferente da noite anterior. Parecia sincero. Me abrace. O pedido dele trouxe uma sensação de paz e ela achou que tudo se resolveria. Sentiu o abraço dele como uma fortaleza a sua volta, uma sensação de segurança que ela não se lembrava de ter sentido antes. De repente seu medo se dissipou como se nunca tivesse existido. Ia lhe dizer que era só isso que ele precisava ter feito ontem e sempre que ela se sentisse insegura por qualquer razão, mas não teve tempo. Acordou de repente e, ainda deitada, olhou o quarto quieto. Nada parecia diferente, embora pouco se pudesse ver com as cortinas fechadas. Por alguns instantes tentou se lembrar se ele tinha ficado depois da discussão ou não. Mas virou-se para o outro lado para ficar frente a frente com ele. Ele tinha os olhos fechados e dormia profundamente. Estava com um semblante sereno, leve. Não teve nenhuma reação, por mais que ela fizesse força para balançar a cama. Será que ele ainda demoraria a acordar, pensou.
segunda-feira, 12 de novembro de 2007
"Alguém me avisou"
Salve, Salve blogueiros!
Viva a república! O parlamento está formado!
Como primeiro pronunciamento deste lá-elense nato,
faço minha as sábias palavras de Dona Ivone Lara:
"Alguém me avisou"
Foram me chamar
Eu estou aqui, o que é que há
Eu vim de lá, eu vim de lá pequenininho
Mas eu vim de lá pequenininho
Alguém me avisou pra pisar nesse chão devagarinho
Alguém me avisou pra pisar nesse chão devagarinho
Sempre fui obediente
Mas não pude resistir
Foi numa roda de samba
Que juntei-me aos bambas
Pra me distrair
Quando eu voltar na Bahia
Terei muito que contar
Ó padrinho não se zangue
Que eu nasci no samba
E não posso parar
Foram me chamar
Eu estou aqui, o que é que há
Viva a república! O parlamento está formado!
Como primeiro pronunciamento deste lá-elense nato,
faço minha as sábias palavras de Dona Ivone Lara:
"Alguém me avisou"
Foram me chamar
Eu estou aqui, o que é que há
Eu vim de lá, eu vim de lá pequenininho
Mas eu vim de lá pequenininho
Alguém me avisou pra pisar nesse chão devagarinho
Alguém me avisou pra pisar nesse chão devagarinho
Sempre fui obediente
Mas não pude resistir
Foi numa roda de samba
Que juntei-me aos bambas
Pra me distrair
Quando eu voltar na Bahia
Terei muito que contar
Ó padrinho não se zangue
Que eu nasci no samba
E não posso parar
Foram me chamar
Eu estou aqui, o que é que há
sábado, 3 de novembro de 2007
MANIFESTO DA GENTE
Essa gente quer saber, quer falar e quer ouvir, quer provocar e ser provocada. Quer informar e se informar, quer aprender e ensinar. Quer se indignar, quer se surpreender, quer se assustar. Quer rir, quer relaxar.
Essa gente fala de sonhos, de viagens, de política, futebol e religião, de axé, alegria e coração. Do que aconteceu, do que vai acontecer, do que leu, do que vai ler, do que assistiu, do que vai assistir, do que gosta, do que gostou.
Essa gente é amiga. É presente mesmo sem estar presente. É sincera e dissimulada, séria e mentirosa. É cética, é espiritual, é divina, é mortal. Essa gente é daqui, é dali, vem pra cá volta pra lá.
Essa gente é inquieta, é itinerante. É despojada, espontânea, é alegre e animada. É depressiva, triste, melancólica e agressiva. É sarcástica, é irônica, é pura metáfora.
Essa gente é sol, nuvem, brisa de domingo, expansão e amor. Essa gente é noite, escuridão, medo, fúria e raiva. Essa gente é pudor e tesão. É lucidez e insanidade. É agitação e serenidade. É Vênus e Marte. É paciência e perde a calma.
Essa é a gente, pra toda a gente.
Essa gente fala de sonhos, de viagens, de política, futebol e religião, de axé, alegria e coração. Do que aconteceu, do que vai acontecer, do que leu, do que vai ler, do que assistiu, do que vai assistir, do que gosta, do que gostou.
Essa gente é amiga. É presente mesmo sem estar presente. É sincera e dissimulada, séria e mentirosa. É cética, é espiritual, é divina, é mortal. Essa gente é daqui, é dali, vem pra cá volta pra lá.
Essa gente é inquieta, é itinerante. É despojada, espontânea, é alegre e animada. É depressiva, triste, melancólica e agressiva. É sarcástica, é irônica, é pura metáfora.
Essa gente é sol, nuvem, brisa de domingo, expansão e amor. Essa gente é noite, escuridão, medo, fúria e raiva. Essa gente é pudor e tesão. É lucidez e insanidade. É agitação e serenidade. É Vênus e Marte. É paciência e perde a calma.
Essa é a gente, pra toda a gente.
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